Ana Hard: “Trabalho mais que o necessário porque eu me digo que esse é o meu dever”

Uma das grandes maravilhas do Perdidas Anônimas é que ele me abre portas para entrevistar mulheres dos diferentes cantos do mundo e, assim, conhecer detalhes de jornadas e projetos transformadores.

Há um tempo, tietei a ilustradora espanhola Ana Hard, adorada por mim e por tantos, pelo design pop, colorido e feminista. Pois é! Espere por mantras girl power e pílulas de autocuidado em algum canto dos desenhos de quartos, banheiros e escritórios bagunçados ou de produções estilosas right off the runway.

Abaixo, você lê a nossa conversa com a artista e descobre a visão otimista de Ana sobre o seu trabalho, o autocuidado e o papel da moda na comunicação.

Ana, fala um pouquinho sobre você e como você começou essa jornada na ilustração?

Eu sou uma designer de Barcelona, Espanha. Eu me graduei em Belas Artes e trabalhei mais de 7 anos como um designer de estampas, trabalhando para empresas como Inditex (proprietária da Zara, Bershka, Massimo Dutti, Pull & Bear e mais) e H&M. Com o tempo, eu percebi que eu precisava satisfazer novas ambições, então decidi criar uma conta no Instagram e compartilhar um pedaço de mim com o mundo. Hoje, mais de um ano depois, 15 mil pessoas seguem a minha jornada e o meu trabalho continua crescendo, graças ao amor que as pessoas me dão.

Como está sendo jornada para você? Já passou por momentos “perdidos”?

É uma das épocas mais empolgantes da minha vida, porque eu tenho o privilégio de compartilhar a minha voz através de projetos incríveis, desenvolvidos pelas mentes criativas de marcas que eu amo. Obviamente, nenhum trabalho é perfeito. Você precisa lutar muito para fazê-lo valer a pena e, às vezes, você se sente um pouco sozinha. Mas, para mim, o apoio dos seguidores, dos amigos e da família… Bem, esse apoio não tem preço!

Ilustrações de Ana Hard

Eu adoro a tua ilustração que diz “trabalhe, mas não esqueça de viver”. Como você interpreta o trabalho? Qual o significado dele para você?

Eu acho que hoje em dia passamos muito mais tempo trabalhando do que “vivendo” e, dessa forma, nós acabamos esquecendo quais são as coisas verdadeiramente importantes para a gente, na nossa vida. No meu caso, eu amo meu trabalho e, repetidas vezes,  trabalho mais que o necessário porque eu me digo que esse é o meu dever. Só que no mundo lá fora existem tantas pessoas e tantas coisas esperando por você… E elas não ficarão ali para sempre. Então para mim, esse é um dos lembretes mais importantes. “Trabalhe, mas não esqueça de viver sua vida”.

E o autocuidado? Como você encara esse conceito e o incorpora na rotina?

Exercício e descanso são essenciais quando você passa muitas horas em frente a uma tela. Para mim, uma das coisas mais importantes para conseguir recarregar sua criatividade é tentar se desconectar o máximo possível. Correr, dançar, escutar música, sair com os amigos e a família são a minha maior ajuda.

Ilustração de Ana Hard

Como que o feminismo apareceu e ganhou vida no teu trabalho?

Acredito que todas garotas deveriam crescer com referências de mulheres fortes para si. Esse sentimento, esse desejo de referência, me fez criar a ilustração de uma menina em seu quarto com uma parede cheia de conteúdo empoderado. Acho que esse foi o começo da minha própria marcha feminista. De repente, senti que todas as mulheres do mundo tivessem uma voz uníssona – e eu adoro fazer parte deste grito.

Você também faz muitas ilustrações de moda, né? Qual é a importância da moda para você? Você acha mesmo que é um jeito de expressar quem somos?

Definitivamente. Eu acho que a moda é arte, política, religião, liberdade, globalização… Eu a vejo como uma das linguagens mais importantes que temos para expressar nossa personalidade e, desde que eu era garotinha, sempre tive uma opinião forte relacionada a esse universo. Lembro que eu não gostava que me dissessem o que vestir. Eu odiava especialmente vestidos e saias porque eu queria me sentir livre para brincar, correr ou ficar suja. Com o tempo, eu comecei a combinar diferentes estilos e, assim, desenvolver uma sensibilidade de moda que crianças da minha idade não tinham. Acredito que, graças à moda, eu percebi que ser diferente é uma benção. E mais: que abraçar essa benção é um modo extraordinário de viver a vida.

Ilustrações de Ana Hard

E além da arte, de que outra maneira você expressa quem é?

Nos bastidores, sou dançarina e cantora (risos). Quando eu era pequena, eu passava horas interpretando as músicas dos meu filmes favoritos e isso deixava os meus pais malucos! Hoje em dia, por exemplo, você percebe fácil, fácil quando eu estou feliz: você vai me ver dançando e cantando em qualquer esquina por aí.

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